domingo, 15 de novembro de 2009

entre um trago de whisky e um gemido de raiva..

Volta o Domingo, volto a abrir esta janela e a deixar que as gotas de chuva ora mais agrestes tocadas pelo sopro do vento cortante, ora mais esvaídas escorregando como manteiga derretida no telhado da casa ao lado, se transformem em palavras soltas deixadas ao abandono como sinónimo da vida de alguém.

Entre um trago de Whisky e um gemido de raiva em jeito de música com letra da Mafalda, dedico a tarde ao sossego intranquilo da minha sala, onde ainda restam os vestígios de outra semana preenchida pela superficialidade agitada de mais do mesmo. As folhas soltas, os cronogramas de horários sobrepostos, os e-mails constantes e repetidos a solicitar o cumprimento de um qualquer prazo, a roupa espalhada na secretária, no calorífico a óleo, na cómoda e no chão. A tela - que afinal na prática não fica tão bem com idealizei na teoria - deixada a secar na mesa da cozinha. O copo de Whisky (fiel companheiro) quase vazio outra vez (afinal também me falhas).

Levianamente, de forma estúpida e inequívoca, habituei-me a saber sempre o que quero, para onde vou e qual o caminho para lá chegar. Abusei da expressão e percorri lama e estrada a subir e a descer, ao sol e à chuva para afinal me perder. Não deve ser grave. Diria Clarice Lispector: “… perder-se também é caminho…”. Com certeza que sim! E ainda bem, senão a esta hora nem sem onde estaria.

A dúvida, a angústia o medo, a incerteza… Fez sentido? Sim fez… ou talvez não! Pelo menos hoje não faz sentido. É Domingo e ao Domingo nada me faz sentido a não ser o passeio matinal de bicicleta ao qual ainda por cima hoje faltei! Dizia uma amiga há dias em post “ Tudo foi necessário para que agora seja Feliz”. Acredito que sim! Acredito, que tudo é caminho para um mesmo destino. Talvez esteja apenas a passar um mau bocado na “prova”. Já estou habituado a passar maus bocados. Principalmente em lama. Talvez descubra um caminho de alcatrão em breve. Sou bem mais forte em estrada. É por isso que vou comprar uma bicicleta de estrada. Talvez torne o percurso mais fácil.

“Talvez pudesse o tempo parar, quando tudo em nós se precipita…”. "põe a tua mão no meu ombro, João…” Obrigado pela ajuda! Preciso disso. Quem não precisa afinal?

Com diria uma amiga “ Não sei bem para onde vou, mas já estou a caminho…”

2 comentários:

  1. Pensa que para o ano são os 30 (geração de 80, a melhor de todas)... já percorreste um caminho... os altos e os baixos fazem parte desta caminhada que é a vida... Seja de bike, carro ou coisa parecida, o bom disto são os momentos fantásticos que passamos junto daqueles que realmente valem a pena (apesar de tudo valer a pena).Continua a gozar do belo do copo e de tudo o que te faça feliz. Fica bem! Sara

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  2. Epah, carregas bem na escrita ! Forte parte sentimental e nostálgica ! Muito bem !

    Mão no ombro ? Sempre ! Abraço (nem custa nada :P)

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