quarta-feira, 25 de março de 2009

Simplesmente Brilhante

A vida ensinou me...
A dizer adeus às pessoas que amo,
Sem tira-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrar-lhes que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade,
Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir;
Aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças;
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo,
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me magoam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafectos;
Perdoar incondicionalmente, Pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, Pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Ensinou-me a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Ensinou-me e esta ensinando-me a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenho que lapidar, dando-lhe forma da maneira que eu escolher


Charles Chaplin

quarta-feira, 18 de março de 2009

Estilhaços do dia em que perdendo me encontrei



"Estou de volta pro meu aconchego, Trazendo na mala bastante saudade, Querendo Um sorriso sincero, um abraço, Para aliviar meu cansaço, E toda essa minha vontade.... (Elba Ramalho)"



A noite promete ser perturbante. O “Open Space” afoga-se de entediante silêncio que nem amorfos professores nem as frases feitas cravejadas nos biombos parecem conseguir quebrar.

Assusta-me o silêncio que retalho quando acedo ao youtube como quem quer reviver doce momento no repeat de uma música que teve sentido. Partilho esfarrapados desabafos (desadequados e insensatos) e esboço a coreografia de uma dança no rodopio de dois ou três pulos.

Esvoaçam pensamentos que aguçam o guisado de emoções que agora fervilham na memória de um outro tempo.

Os telemóveis encurtam sem dúvida as distâncias e são óptimas prescrições para as maleitas de solidão, mas são como antibióticos que acabam sempre por ofender outros elementos do corpo que ao fim ao cabo está condenado à moribundice … Talvez seja preferível os tragos de Whisky barato às mensagens escritas…

Deixo a música a meio…. “Volto já” … esta música descobre-me lágrimas recônditas que julgava já ter chorado mas que parecem renovar-se em cada manhã que teimo em sair da cama… “Quanto mais choras, menos mijas” sempre me disse a minha mãe… e é o que ainda me vale neste fluir de líquidos que se reciclam no meu corpo desgrenhado pelas maleitas da solidão, das mensagens escritas e dos tragos de Whisky barato. Olha se eu mijasse tanto quanto choro….

Saio na sombra de uns feixes de sol que a semana passada seriam motivo para dez sms. Viro a esquina, o Amoroso habituou-se a conhecer o desalento do meu caminhar arrastado, que lhe ajuda a ganhar alguns dias, e permite-se não perder muito tempo na sua arte de vender:

- “É uma “preta”, Sr. Professor?”

- “ Dê-me antes duas e das grandes, que hoje quero beber para esquecer”…

- “ Coma um Salgadinho Sr. Professor” , instiga o Amoroso, sem que eu perceba se quer vender, se está preocupado com a minha aparência débil, ou se simplesmente quer meter conversa.

Será que o Amoroso se sente só? Não me parece. Nem sequer deixo que se aproxime muito de mim. Habituei-me a não confiar nas pessoas. Como diz o Vítor: quanto mais conheço as pessoas mais gosto dos animaizinhos. Concluo que o Amoroso quer vender, mas não lhe faço a vontade.

- “Até logo”

- “ Até logo Sr. Professor” – insiste o Amoroso que ainda não percebeu que não sou Professor apesar de já lhe ter dito uma série de vezes.

Perco o bom senso e a razão - porque a dignidade já a perdi há muito e insisto num sms provocatório que busca a volúpia de um colo que aconchegue. Do outro lado tu respondes - que alívio. Espero ansiosamente a hora de saída… faltam alguns segundos… Pouso rispidamente o indicador no relógio de ponto que me autoriza a saída. Ainda vou a tempo de um "Até amanhã" fugaz ao Sr. Vítor (Gosto deste homem) que returque de imediato

" - Até amanhã, João... Já tá mais que na hora" - dispara como quem tenta justificar a minha saída apressada no limiar da hora.

O percurso até ao local combinado é feito meio na estrada meio a voar, que os pneus estão carecas, podem esbarrar ou rebentar e a minha conta bancária não me permite ter acidentes agora.

Esperas-me ao telefone. Inquieta esse telefonema, mas permito-me calar o ciúme! Fazes-me um gesto para que entre.

Peço-te que me agasalhes, que me enchas a alma desse sorriso imenso que envolve um misto de doçura, de meninez inocente e de boniteza sensual. Entrego-me sem defesas… sorrio e embarco no teu abraço… esse abraço!


http://www.youtube.com/watch?v=hR8aZhKMsic

terça-feira, 17 de março de 2009

Estrela da Tarde


Por todas as estrelas da tarde... por todas as tardes, pelas noites ou só por uma das noites de qualquer dia....


Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, 16 de março de 2009

Fragmentos do fim de semana



“ Esses Engenheiros que não querem fazer nada e às vezes não sabem nada, mas que só porque os tratamos por Engº enchemos-lhes o ego e fazemos com que ganhem o dia…”

“ Porque para mim o que se diz é muito importante… temos de ter cuidado para não influenciar ninguém erradamente… a formação é algo muito sério!”


“ A vida é feita de inesperados acasos com sentido”

quinta-feira, 12 de março de 2009

O Eterno Traçadinho

"Onde é q isso foi? No carnaval de Torres, Onde tudo acontece"



Dedicado especialmente ao amigo J.B. - esse GRANDE CROMO


Vejo a lua duas vezes
E o céu está a abanar
Que diabo aconteceu
Como é que aqui vim parar

As pernas estão a tremer
Isto agora vai ser bom
Queria cantar um fadinho
Mas não acerto com o tom


Desta vez estou mesmo à rasca
Vou me pirar de mansinho
Não volto àquela tasca
Não bebo mais traçadinho

Tenho a guitarra partida
Esta noite é p'rá desgraça
Não conheço esta avenida
Afinal o que se passa

Esta vida é de loucos
Esta vida é ir e vir
Porque um homem bebe uns copos
Começa logo a cair



http://www.youtube.com/watch?v=27VQ0WVDwt8&feature=related

Conversas de Amigo

Ainda bem q te encontrei hoje… é bom falar contigo! Faz-me bem, especialmente hoje!

Manejas as palavras como o Sr. João torneava as esferas gastas da Hércules da Adega Cooperativa, que durante muito tempo foi a minha ídolo e musa inspiradora… como sugava ela todo aquele vinho? Ainda tentei fazer-lhe concorrência algumas vezes, mas em vão!

E nem me quero alongar contigo em termos muito profundos porque me embebedei ontem e não estou para grandes palavras…

“ Palavras? o que valem as palavras”?Não me respondes e eu complemento:

“Pagam-me 20€/hora para as usar. Mais que não seja, só por isso sinto-me no dever de não as balbuciar em vão”…

- “ Palavras?! Leva-as o vento”! Disparas-me em tom misterioso e agressivo! Tenho de concordar. E depois?

- “ Até que um dia surjam de novo e ecoem infinitos de um fogo sempre igual”. E com esta surpreendes-me!

Talvez isso responda a uma ou outra questão que teima em inquietar-me. Sim, tens razão. As palavras são voláteis, perderam peso, significado, sentido… longe vai o tempo em que ouvia minha mãe afirmar uma posição sob o eco da “ palavra de honra que vai ser assim”. Palavra de honra? O que é isso hoje, amigo? Embriaga-me mais o teu silêncio.

As palavras até posso compreender - que se lixe a dignidade, os 20€/ Hora e a “ palavra de honra” que a minha mãe afincava a pés juntos! Agora os Gestos, bom amigo?


-“Será possível fazer-se coisas tão díspares do que se sente? Então e o significado desses gestos?” Fazes-me uma expressão de espanto e eu assusto-me!

-“Esta é nova, não é?”

- “Quanto vale um beijo?” – Perguntas-me em sorriso cúmplice. Percebo-te e permito-me calar a ira e a revolta.

“ Em que acreditamos nós, então?” – Procuro eu a ânsia de um colo…

“ No sol não, porque também não brilha todos os dias” .

Sísifo

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças

Miguel Torga

segunda-feira, 9 de março de 2009

Porque há sempre um "padrinho" que abriga um moribundo, onde estás padrinho?

.... "com a voz a pedir colo, seguro de caber no meu

- Somos unha com carne ou não somos?

E não lhe poiso a palma no ombro para impedir que chore. Se calhar engano-me e está sequinho por dentro. Não, não está sequinho por dentro (...)

É a lágrima que a manga limpa que me inquieta. Também tenho uma ou duas, escondidas. Só que tão no fundo de mim que não consigo limpá-las. Não faz mal: ninguém dá por isso. E se dessem por isso não davam: de pequeninas que são confundem-se com a pele. Tens razão: unha com carne, afilhado, tens razão, a gente os dois dávamos cabo disto. Algum de vocês tem por aí meio euro que me empreste para enganar a coragem?


A.Lobo Antunes