A todos que escreveram este texto, aos novos que continuam a escrever um texto semelhante de contornos diferentes e aos que insistem em participar no novo texto…
O verão que agora chega, transporta, ano após ano o perfume e a melodia das sempre famigeradas férias. Pessoalmente é uma época estranha que me faz reviver outros tempos onde me confundia num misto de saudade dos colegas e paixonetas de escola e a alegria de novas descobertas, novas brincadeiras, a praia de S. Martinho do Porto e a Piscina do “Sta. Eulália” em Albufeira.
Eram os dias em que o toque da campainha na parede da escola perdia o seu sentido e às 10h00 da manhã era o Largo da Junta que ecoava os primeiros gritos e gargalhadas que reuniam a maralha. O banco de pedra ligeiramente partido no canto, de baixo de uma árvore meio desgrenhada, que às vezes também servia de baliza e de mesa de cartas, assumia a função de Assembleia onde se traçavam as leis do dia.
Começava a formatura anárquica e desregrada de uns putos barulhentos cuja única missão era aproveitar mais um dia de boa vida. Aos poucos o bando ia chegando, saltando putos de todas as ruas… uns a pé, outros de bicicleta e a mítica BMX amarela do Patusco! Cá por mim, sempre fui pontual e às 10h00 era, a par do meu primo Jotinha, dos primeiros a chegar. Tinha a certeza que éramos todos amigos, se bem que na altura não conhecia bem o significado disso, mas pelo menos sabia que a única traição que podia haver entre nós era quando jogávamos aos cowboys e uns tínhamos que matar os outros.
Os dias divididos escrupulosamente, pela imperturbável hora de almoço, entre manhãs e tardes, corriam fugazes ora de bicicleta, ora no rolar da bola futebol, ora no disparo das armas improvisadas nos cacos de tijolos no jogo dos cowboys, ora na lenga-lenga “51 rebenta o pirum” do jogo das escondidas ou até no “puky e contrapuky” do jogo de cartas.
Sem modéstia, ou tão pouco cinismo, imagino-nos como M&M´s coloridos que passeávamos alegria, magia e vida pelos paralelos irregulares das ruas da aldeia, pelo campo de futebol que nos enchia de pó e pelos trilhos mais longínquos do Felitão, do Casal S. Pedro ou da Folgorosa. Às vezes a bonita “quintinha” do Pedro, ou a casa de Rés do-Chão do Ruben também albergavam uma ou outra tarde de animação.
Paralelamente todos tínhamos programas familiares de férias…. Partiam uns e iam chegando outros. O porto de abrigo lá estava, sempre a ecoar em todas as manhãs, às 10h00 em ponto, através das gargalhadas de quem na intersecção de partir ou chegar lá ia estando.
Passaram 20 anos… Palmilho o Largo da Junta (que para mim nunca será Largo 1º de Maio). Caiem as primeiras gotas das chuvas de verão que nesse tempo nos afastavam do campo de futebol e dos trilhos da bicicleta lançando-nos para a garagem do Pedro, para a casa do Ruben ou, em momentos mais audazes, para a bilheteira à porta do “Grupo”. O cheiro da terra molhada embrulha as gotas da chuva com uma ou outra lágrima derramada pela minha memória enquanto se disparam no pensamento as palavras que agora escrevo.
A campainha deixou de tocar, a Junta de Freguesia mudou de sítio, o banco de pedra foi destruído e a árvore arrancada… Julgo que às 10h00 o Largo já não ecoa gritos e gargalhadas mas, mesmo assim, vão restando os paralelos gastos que continuam a acolher o cheiro da chuva de verão e a servir de chão às velhas amizades que ano após ano teimam em ficar.
Enfim, se não nos virmos antes, Até Domingo, às 9h00 no “Largo do Alex”
Ainda hoje de manhã acordei com a imagem das ferias e do banco da junta..
ResponderEliminarlembrei-me tb do avô do André a ralhar por causa das telhas partidas.. nunca por culpa nossa... ahahahah
eramos fedelhos peque e por isso nunca iriamos a um telhado tao alto... ahahahah
Realmente esses verões em que a unica peça de roupa eram uns calçoes.... era algo de magico.. e ir à fruta ao final do dia depois do jantar.. nunca faltavam vitaminas.. eheheh
concordo e revivo tudo o que escreveste... mas só queria saber uma coisa... quem é o Rúben?
Se falavas de mim devias saber que é sem acento.... lolol
e já que falaste do largo da junta, por que nao relmbrar as fogueiras feitas nesse largo?? sim, onde aparceu uma das alcunhas mais simpáticas de sempre com a frase "quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré....."
ass ruben gato
e a bilhetera da junta.... se aquelas paredes de chapa falassem............
ResponderEliminare o bar do campo onde tantos de nós aprenderam a beber.. com cerveja quente num dia de verão...
e o intervalo da brincadeira que começava ao meio dia, porque ia dar uma novela chamada 4 por 4 com a encantadora leticia spiller que na novela era a Babaloo.....
ass. ruben gato
é verdade caro amigo... já nem me lembrava dessa novela e das cervejas no bar do campo da bola agora transformado em lixeira... Obrigado pelo comentário! Grande ABC
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