sexta-feira, 5 de junho de 2009

Final de Dia

O final do dia é tarde. Tarde demais para a disponibilidade física, intelectual e emocional. Mas chega finalmente. “ Votos de um bom fim de semana e até segunda… Divirtam-se”. São as palavras que encerram o dia de trabalho e dão o mote para o sossego.

Arrumam-se os dossiers, desligam-se os equipamentos, verificam-se torneiras de água e interruptores de luz. Gosto desta casa… Gosto quando tudo fica no lugar. “O sumário fica para amanhã, porque hoje estou demasiado cansado”, penso enquanto ainda pondero na velha máxima de que “ não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. Fecho a porta da sala e procuro chaves, carteira, telemóvel… acaba sempre por faltar qualquer coisa que ainda me prende mais uns minutos. Duas ou três mensagens obrigam a resposta imediata. Voltei a esperar mais de uma dessas mensagens…enfim… “ Não amigo, hoje não vou sair… vou só a 2 portos beber uma jola” respondo a uma pergunta em jeito de convite.

Sim, vou até Dois Portos. A minha terra. É curioso… para dizer a verdade nunca residi em Dois Portos, mas sinto me bem lá. Encontro-me, equilibro-me. Invade-me uma estranha sensação de energia sempre que lá estou.

Hoje apetece-me um pouco de emoção.

Depressa faço subir o ponteiro da velocidade e arrisco algumas curvas no limite…. Os pneus gritam ao virar mais agressivo numa das primeiras curvas. Na rádio o “Breathe” (Ure Midge) aguça e pede mais velocidade. Deixo-me envolver…. Pressiono o acelerador com veemência enquanto cerro os dentes de raiva como quem desafia o mundo e a curva seguinte sem qualquer medo. Mais velocidade! O consumo instantâneo dispara aos 30 litros/100kms… pouco importa isso agora… “Breathe some soul in me, Breathe your gift of love to me"… e agora? Tenho de conseguir curvar sem travão na próxima. Entro bem, gemem ainda mais, sem pudor nem respeito, os Michelin enquanto eu vou gritando de dentes cerrados: “Breathe life to lay 'fore meBreathe to make me breathe”…, Saio tão bem quanto entrei o que me permite rapidamente chegar aos 150kms/h na recta seguinte. A próxima curva exige um “cheiro de travão”. O ABS está avariado, e o pedal fica rijo a partir dos 120. Dou-lhe o cheiro - com cuidado - mas continuo acima dos 120km/h. Conheço a estrada como a palma da minha mão, penso eu e descanso a angústia de imaginar não conseguir ficar na estrada durante muito mais tempo. Já estou perto. Reduzo a velocidade que não gosto de “espectáculo” perto de casa.

Entro no largo da minha segunda casa (o café do Alex). A rua cheia de pessoal e um ou outro amigo “dos bons” leva-me a parar. É bom chegar a casa. É bom ver alguns sorrisos. É bom partilhar uma ou outra conversa banal com o pessoal. E rimos, gargalhamos, traçamos projectos e combinamos a saída do próximo fim de semana. Ainda há tempo para um brinde de água-pé “ à nossa, que isto é uma terra pequena mas tem muita malta boa”.





http://www.youtube.com/watch?v=USFr5VeLQ2o

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