sexta-feira, 15 de maio de 2009

"Cama de Rosas"

“Quero- te deitar numa cama de rosas”… a música que voluntariamente escolho para deliciar o fim de tarde enfadonho…

E sento-me aqui como o Bon Jovi, gasto e desolado pela intensidade com que sempre me obriguei a esmifrar cada dia, pelo erguer dos precipícios em que ousei cair só para descobrir os arrepios na espinha e suores nas mãos, pelo emergir dos mergulhos profundos só para ensopar as vibrações serenas do mar no corpo marcado pela inércia, por trepar mais alto só para aspirar o vento forte que batia no rosto e despenteava os cabelos (noutro tempo bem mais longos e fortes).

Lutas ganhas, lutas perdidas, a alegria, a tristeza, os cheiros, os olhares, sorrisos, choros, gritos, gemidos de dor, raiva, um abraço, pulos, danças, sempre mais… mais forte, mais alto, mais longe, mais rápido, mais álcool, mais tarde, mais louco…

“Há sempre dois lados de uma moeda… não se pode querer sentir se não se correr o risco”, dizia-me há dias uma pessoa especial. Eu senti emoções bem fortes, mágicas e picantes.

Hoje o risco reveste-se de aspecto desgrenhado, de rugas, cabelo enfraquecido, dores nas costas e até na alma. A voz é mais pausada, o raciocínio intelectual e a agilidade física lentificaram-se… Hoje só me quero deitar contigo numa cama de rosas e cheirar a tranquilidade doce do descanso aconchegante dos teus braços. Hoje apenas quero recordar o picante do limite da vida sempre no equilíbrio e desequilíbrio da corda bamba e sorrir com as gargalhadas que se deram.

Baixo os braços resignado às marcas que enfadonham a postura, a atitude, a presença e cegam a jovialidade, a agressividade e a loucura de outro tempo. Sei de cor decretos-lei e referenciais. Conheço núcleos geradores, domínios de referência e critérios de evidência… Haverá algo mais triste e escuro?

Chego, assim, a casa e abraço-te porque te Amo. Sinto o aroma de uma canção que embala, degusto um beijo terno e enrosco-me nos sonhos que até são reais.

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